1961
Competir profissionalmente no futebol com as equipes da capital é tarefa dura para os times interioranos desde que a modalidade começou a ser praticada no Paraná. E dizem os ‘corneteiros’ que as dificuldades não ficam só no campo, mas se estendem também aos tribunais.
Neste quesito, no entanto, o Operário Ferroviário pode se orgulhar de ter sido a primeira equipe do interior do Paraná a vencer um imbróglio jurídico contra um time da capital, no caso, o Coritiba. Essa história ocorreu no Campeonato Paranaense de 1961 e virou folclórica no futebol estadual, ficando conhecida como “O caso Agapito”.
Naquela época, o Operário vinha de dois títulos do interior consecutivos, em 1957 e 1958. Em 1961, o torneio estadual tinha uma fórmula de disputa que era dividida em três módulos: o sul, o norte-velho e o norte-novo, com as equipes de cada região do Paraná se enfrentando entre si, em uma fase de grupos. Naquele ano, o torneio teve 37 participantes, um dos mais recheados da história. O melhor colocado de cada grupo ganharia o direito de disputar o triangular final.
Pelo grupo sul, Operário e Coritiba empataram na pontuação e em todos os demais critérios de desempate, com o time da capital levando a melhor no saldo de gols, de 1 gol positivo contra 1 gol negativo do Fantasma.
Foi então que a equipe pontagrossense resolveu entrar no Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR) para denunciar a escalação irregular de um atleta coxa-branca. Trata-se do atacante paraguaio Agapito Sánchez, recém-chegado no futebol brasileiro. Como na época o Campeonato Paranaense ainda tinha o status de torneio amador e os registros dos jogadores eram feitos apenas na Federação Paranaense, isso dava brecha para que alguns atletas fossem inscritos sem a devida análise de documentos.
A alegação do Operário, na época, era de que Agapito havia sido inscrito sem cumprir o período de “testes”, que era uma exigência para a inscrição de jogadores estrangeiros. O clube pedia a perda dos pontos conquistados pelo Coxa nos jogos em que o paraguaio esteve em campo.
O pedido, em primeira instância, foi negado pelo TJD. O Operário, então, recorreu ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), alegando que o Tribunal Paranaense não teria isonomia para julgar o caso, por estar localizado na capital. O STJD, então, deu ganho de causa ao time dos Campos Gerais, que foi declarado campeão do torneio sul e classificado para jogar a final do Paranaense.
Na final, o Operário acabou derrotado pelo Comercial, de Cornélio Procópio.
Fontes: Gazeta do Povo e Federação Paranaense de Futebol / Foto - Acervo da Fundação Municipal de Cultura de Ponta Grossa / Acervo Ponta Grossa Histórica
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