Maringá

Bonifácio Martins - 2010

2010

Este é Bonifácio Martins, importante militante comunista da Maringá de 1950/1960, lendo o artigo "Da esquerda à prisão: Bonifácio Martins" da coluna Maringá Histórica - Revista ACIM. A imagem foi feita em São Paulo capital pelo amigo, companheiro e professor Reginaldo Benedito Dias.

Abaixo, o texto que ele lê:

O comunista Bonifácio Martins, proveniente do estado de São Paulo, chegou a Maringá em junho de 1955. Aqui, encontrou uma cidade em pleno desenvolvimento, mas, ao mesmo tempo, arcaica nos quesitos governamentais. Findava-se então, o mandato dos primeiros políticos eleitos pelo município recém-emancipado.

Apesar de estar filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), na época, Bonifácio estava afastado dos companheiros. Entretanto, foi surpreendido por Gregório Lourenço Bezerra, importante militante, que lhe fez o convite para que disputasse o cargo de vereador nas eleições de 1956. Bonifácio aceitou e juntamente do companheiro, hasteou a bandeira da Reforma Agrária.

Os colonos, apesar de trabalharem nas regiões rurais, moravam e votavam em Maringá. Além deles, outros operários urbanos e pequenos produtores deram apoio a Bonifácio Martins, que logrou sucesso em sua primeira disputa eleitoral, obtendo 167 votos pelo Partido Republicano (PR).

Foi nesse período que Bonifácio abriu contato com José Rodrigues dos Santos, conhecido sindicalista. Ambos auxiliaram na instituição da União Geral dos Trabalhadores de Maringá (UGTM), que acabou se tornando ponto de partida para a criação de outros sindicatos. Assim, encerrou-se a segunda legislatura de Maringá (1956-1960).

No páreo seguinte, Bonifácio obteve vitória novamente na vereança, com 209 votos pelo Partido Social Trabalhista (PST). Na oportunidade, José Rodrigues dos Santos ficou em sua suplência.

Essa segunda etapa ficou marcada por grandes debates, como, por exemplo, o confronto do então vereador com o diretor do veículo de comunicação impresso, O Jornal de Maringá, Ivens Lagoano Pacheco.

Às margens do Golpe Militar, Bonifácio Martins acumulou ainda mais atritos com autoridades locais. Os fatos foram ocasionados pela fiscalização e cobrança do Executivo, luta por moradias e posicionamento sindicalista. Esses acréscimos em seu currículo político foram cobrados com a queda do então presidente, João Goulart.

Após a instauração do Golpe, o então coronel da Polícia de Maringá, Haroldo Cordeiro, procurou Bonifácio Martins e o informou portar ordens para encerrar as aglomerações sindicais. Desta forma, a “Operação Limpeza” iniciou a busca por políticos oposicionistas. Nesse processo, localmente, foram cassados: Salim Haddad, Cézar Haddad, Antônio Cecílio, José Rodrigues dos Santos, José Lopes dos Santos e Bonifácio Martins.

Sem saber exatamente como ficaria a situação de Maringá no novo eixo estabelecido, no dia 2 de abril daquele ano, Bonifácio proclamou seu último discurso na Câmara de Vereadores, condenando o golpe e declarando que aquela era uma forma de perpetuar as tradicionais forças políticas. Após o ocorrido, ele informou os companheiros que não havia formas de resistência e que era melhor partir para a clandestinidade.

Posteriormente, Bonifácio se mudou para a grande São Paulo e gradualmente se restabeleceu. Em 1972, viajou pela costa brasileira até o Rio Grande do Sul, depois Uruguai e Argentina. Ficou por volta de dois anos nessa jornada. Regressou em meados de 1974.

Quando foi finalmente preso, Bonifácio Martins foi acusado de tentar reestruturar sindicatos. No processo, incluíram José Rodrigues dos Santos. Imaginasse que conseguiram encontrá-lo em seu escritório, após quase dez anos da instauração do golpe, devido à jornada que fez pela América do Sul. O Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), provavelmente rastreou as pistas. Bonifácio ficou em reclusão por quase dois anos.

Atualmente, com 88 anos, Bonifácio Martins vive na capital paulista, onde ainda administra o Escritório Contábil Visão.

Fonte: Acervo Maringá Histórica / Contribuição - Dr. Reginaldo Benedito Dias / Acervo Luís Carlos Masson.

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