1966
Procedentes de Apucarana, no ano de 1950, o agricultor Antonio Del Grossi, junto de sua família, e seu sócio, o carpinteiro Altivo Martins, vieram para Maringá. Após adquirir um terreno da Companhia de Terras Norte do Paraná, resolveram constituir em plena avenida Brasil, na Vila Operária, um cinema.
A madeira utilizada na construção do empreendimento foi doada pela Serraria Villanova, de propriedade de Inocente Villanova Junior, que impôs a condição que fosse instalado um hotel, no andar superior do cinema. A administração das obras ficou por conta do construtor Waldemar Cambaroto, construtor muito requisitado naquele período.
Em 1951, com projeto de Altivo Martins, o Cine Horizonte foi inaugurado. Localizado na avenida Brasil, nº 1957, manteve no primeiro andar um estabelecimento de hospedagem com 28 quartos, conforme recomendou o industrial Villanova.
Segundo Eduardo Del Grossi, filho do fundador, seu pai selecionou o nome para o cinema depois de subir em um prédio durante as obras e pensar que antigamente o tempo era medido pelo movimento do sol. "As pessoas que trabalhavam na lavoura não tinham relógio. Organizavam seu horário de acordo com o nascente e o poente. É um espetáculo muito bonito. Ele (Antonio Del Grossi) quis marcar isso colocando o nome de horizonte no cinema".
Naquela primeira estrutura, o Cine Horizonte tinha capacidade para 550 lugares, e sua energia era provida por um motor estacionário, adquirido pelos sócios, o qual também atendia a mais duas quadras de comércios e residências pela avenida Brasil.
Ao longo da década de 1950, aquele cinema se transformou em referência social e cultural de Maringá. Mesmo estando situado em um bairro popular, moradores de diversas outras regiões frequentavam o estabelecimento.
Com o passar dos anos, Antonio Del Grossi rompeu a sociedade com Altivo Martins. Percebendo que o cinema estava ficando obsoleto – os seus concorrentes haviam se modernizado em edificações de alvenaria e novos equipamentos, decidiu negociar o terreno e buscar por um local próximo para viabilizar nova estrutura.
Com isso, a maior parte da madeira do Cine Horizonte acabou sendo destinada para a construção de casas no próprio bairro, especialmente na avenida Laguna.
As obras da nova estrutura do cinema tiveram início em 12 de março de 1963, em terreno com aproximadamente 3 mil m² na avenida Riachuelo esquina com a rua Néo Alves Martins. O projeto ficou sob responsabilidade do arquiteto alemão Hans Danger, radicado em Londrina.
Dessa vez, concebido em alvenaria, o novo Cine Horizonte atendeu aos princípios mais modernos em edificações cinematográficas da época. Foi assim que em 25 de março de 1966, três anos após o início de suas obras, o empreendimento foi inaugurado. As raras imagens mostram detalhes daquele evento.
Presentes na inauguração do cinema, da esquerda para a direita: Geraldo Del Grossi; João Passos; Walter, Eduardo, Helena e Vilde, filhos de Leonete e Antonio Del Grossi; Maulde, Gina e Maria Alves Ferreira.
Durante sua benção, Dom Jaime Luiz Coelho lembrou a responsabilidade do cinema como veículo de comunicação social.
João Passos, um dos sócios da Empresa Cinematográfica Del Grossi, falou da enorme satisfação em ver aquela obra concretizada.
A fita inaugural foi desatada pelo prefeito, Luiz Moreira de Carvalho, juntamente de Antonio Del Grossi.
O casal Antonio e Leonete Del Grossi junto de seus filhos e parentes.
O casal Odwaldo Bueno Netto e Winifred Ethel marcaram presença junto de sua filha, Bárbara. A família administrava o Cine Maringá e o Cine Paraná.
Com 1.600 poltronas, que foram produzidas pela Móveis Cimo, passou a contar com uma área construída de 1.600 m². Aquele salto possível devido a sociedade que Del Grossi havia estabelecido a Araújos & Passos, maior empresa do ramo e que já era sócia de outros cinemas na cidade. Durante a inauguração, João Passos marcou presença junto de diversas outras autoridades.
Com essa nova fase que se abriu, o Cine Horizonte inovou em sua publicidade: implantou um departamento de desenho e pintura, onde a empresa reproduzia, em escala gigante, os cartazes dos filmes. Além disso, durante a exibição de alguns filmes, era comum reproduzir cenários dos filmes em seu saguão. Também era frequente uma Kombi com alto-falante anunciar os lançamentos e distribuir algumas cortesias pela cidade. Outra inovação foi a instalação de um estacionamento para motos, lambretas e bicicletas, na esquina ao lado do cinema.
Além dos filmes nacionais e internacionais, o Cine Horizonte também ficou muito conhecido pelas sessões privê de sexo explícito, que fazia sucesso entre jovens da época.
Ao longo de sua trajetória, houve outro sócio, o sr. Loureiro, inclusive que foi quem administrou o cinema até o final das atividades.
Ainda é necessário destacar que o tema musical do cinema era “Morir ou Vivre”, canção francesa orquestrada pelo maestro Paul Mauriat. Ela era reproduzida antes das sessões como aviso que o filme estava para começar.
O Cine Horizonte funcionou em sua primeira estrutura, em madeira, da década de 1950 até 1966, na avenida brasil. Após a reestruturação em alvenaria na avenida Riachuelo, operou até fins da década de 1990. Foi ocupado por uma igreja no início dos anos 2000 até a sua demolição.
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