Maringá

A Colônia Alemã em Maringá – Parte 1

1940

Com texto de Marco Antonio Deprá.

O marco inicial da imigração alemã no Brasil ocorreu em 25/07/1824, quando 39 alemães chegaram ao sul do país, sendo assentados à margem do Rio dos Sinos, onde a antiga Real Feitoria do Linho Cânhamo fora adaptada para servir como sede temporária dos recém–chegados, na atual cidade de São Leopoldo (RS). 

Entre 1824 e 1972, cerca de 260.000 alemães entraram no Brasil. Atualmente, é considerada a quinta nacionalidade que mais imigrou para o país, depois de portugueses, italianos, espanhóis e japoneses.

No Paraná, a primeira colônia alemã foi criada em 1829, em Rio Negro, na divisa com o Estado de Santa Catarina. Em seguida, foram criadas colônias no litoral paranaense: Guaraqueçaba (1830), Morretes (1878) e Paranaguá (1879). Muitos desses imigrantes não se adaptaram às condições de vida dessas localidades, transferindo-se para Curitiba, capital do Estado.


As primeiras colônias alemãs no Paraná foram instaladas no litoral e no primeiro planalto.

Novas colônias alemãs foram instaladas nos Campos Gerais e cercanias: Ivaí (1850), Ipiranga (1850), Cerro Azul (1860), Almirante Tamandaré (1871), Ponta Grossa (1877), Palmeira (1877), Lapa (1878), Imbituva (durante a década de 1870) e Contenda (1885). 


Em vermelho, as novas colônias alemãs instaladas nos Campos Gerais e cercanias, ao longo dos caminhos dos tropeiros, dentro do processo de colonização e ocupação do Estado, rumo ao oeste.

Já no século XX, entre os anos de 1910 e 1916, novas levas de alemães foram assentadas nas regiões de União da Vitória, Porto Vitória, Cruz Machado, Irati e Prudentópolis.


Em vermelho, as novas colônias alemãs instaladas entre os anos 1910 e 1916, em novas frentes colonizadoras criadas com a recém inauguração de linhas ferroviárias no Estado do Paraná (em branco).

A partir de década de 1930, com a colonização do Norte do Paraná, alemães foram assentados em Joaquim Távora (1924), Cambé (1932), Rolândia (1933), Ortigueira (1933) e também em Castro e Carambeí (1933). Nesta fase, houve migrações internas de alemães e seus descendentes, principalmente dos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina e de antigas colônias alemãs paranaenses, para o Norte do Paraná.


Em vermelho, as novas colônias alemãs instaladas, a partir da década de 1930, no Norte do Paraná e na região de Ponta Grossa.

Finalmente, a partir de 1940, imigrantes alemães e seus descendentes migraram do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina para ocupar as regiões oeste e sudoeste do Paraná, tendo como principais núcleos os de Marechal Cândido Rondon, Toledo, Maripá, Nova Santa Rosa, Quatro Pontes, Palotina, Pato Bragado, Missal, Capanema, Planalto, Francisco Beltrão e Guarapuava.


Em vermelho, as novas colônias alemãs instaladas, a partir da década de 1940, no Oeste e Sudoeste do Paraná.


Em amarelo, os municípios paranaenses com forte presença de alemães e seus descendentes, na atualidade.

No início do Século XX, todo o Norte do Paraná ainda era uma imensa região de terras férteis, coberta por densa floresta e habitada por povos indígenas e caboclos. Somente em meados da década de 1920 a região começaria a ser colonizada, quando levas de migrantes nacionais e estrangeiros começaram a chegar à região.

Antes disso, passaram pelo Norte do Paraná expedições de reconhecimento enviadas pelos governos imperial e provincial. Uma delas teve a participação de dois engenheiros alemães: Joseph Keller e seu filho, Franz Keller.

Chegados ao Brasil em 27/12/1855, os Keller participaram da expedição que fez levantamentos de informações sobre os rios Tibagi, Ivaí, Paranapanema e Paraná, durante os anos de 1865 a 1867, com o objetivo de estabelecer linhas fluviais para o Mato Grosso, quando se iniciava a Guerra do Paraguai.  

Franz, que também era cartógrafo, botânico, pintor, ilustrador, desenhista, artesão e escritor, registrava em notas, desenhos e aquarelas, vistas locais da fauna e flora, bem como aspectos arqueológicos e etnográficos das regiões por onde passava.


Retrato de Franz Keller – Nascido em 30/08/1835, em Mannheim, cidade situada no Estado de Baden-Württemberg, na Alemanha. Falecido no dia 18/07/1890, em Munique, no Estado da Baviera, na Alemanha. 


Obra “Caçada a anta no rio Ivaí” (1865), de autoria de Franz Keller.

Não há registro histórico que possa comprovar, mas possivelmente o ribeirão que nasce em Mandaguari, faz divisa entre os municípios de Mandaguari, Jandaia do Sul, Marialva e Bom Sucesso e que atravessa o município de Itambé e deságua no Rio Ivaí, homenageia esses engenheiros alemães.


Em azul claro, o Ribeirão Keller, que nasce na cidade de Mandaguari e deságua no Rio Ivaí, em azul escuro, cujo nome possivelmente é uma homenagem aos engenheiros alemães.

A região de Maringá, no Norte do Paraná, começaria a ser colonizada somente a partir de 1938, quando as primeiras famílias se estabeleceram em seu atual território. 

Os alemães e seus descendentes estiveram presentes em toda a história de Maringá (PR), desde o início de sua colonização, no final da década de 1930, até os dias atuais, colaborando para o desenvolvimento da cidade.

Um dos mais antigos pioneiros de Maringá foi o padre alemão Emil Clement Scherer, que veio para a região no final da década de 1930, abriu uma fazenda às margens do Ribeirão Pinguim e, em 1940, inaugurou ali a Capela São Bonifácio, primeiro templo religioso de Maringá.


Emil Clement Scherer nasceu no dia 01/05/1889, em Mutzig, na Província de Elsass, à época pertencente à Alemanha.

Centenas de famílias de origem alemã ajudaram a construir a Cidade–Canção, vindas de Santa Catarina, principalmente da região do Vale do Rio do Peixe; de Rolândia (PR), berço da colonização alemã no Norte do Paraná; e de Presidente Venceslau, no sudoeste paulista, colônia que acolheu alemães, a partir de 1924. 


Em vermelho, as principais regiões de origem da migração alemã para Maringá: Joaçaba, no Vale do Rio do Peixe, no meio-oeste catarinense; Presidente Venceslau, no oeste paulista, onde, a partir de 1924, foi constituída uma Colônia de Imigração Alemã; e Rolândia, berço da imigração alemã no Norte do Paraná. Em branco, as ferrovias que facilitaram o movimento migratório.

Maringá e região também receberam significativo fluxo migratório de alemães e seus descendentes, vindos do leste de Santa Catarina.

Este é o caso da Colônia Catarinenses, hoje denominada Distrito de Graciosa, em Paranavaí, que a partir de 1944 passou a receber descendentes de alemães das regiões de São Bonifácio e Braço do Norte, também na região leste de Santa Catarina. A partir de 1951, missionários alemães da Ordem dos Frades da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo (Ordem dos Carmelitas), instalados em Bamber, na Baviera, Alemanha, começaram a chegar a Paranavaí.  

O primeiro a chegar foi o padre alemão Hubert Goewert, mais conhecido como Frei Ulrico, que atuou na cidade de Paranavaí. Em 1953, o Frei Boaventura Einberger chegou a Graciosa para implantar o Seminário Menor Imaculada Conceição, que formou diversos padres e funcionou até 1993, quando passou a ser noviciado.


A partir de 1944, descendentes de alemães migraram da região sudeste de Santa Catarina (em branco) para a localidade de Catarinenses (atual Graciosa), situada a cerca de 17 quilômetros a oeste de Paranavaí, ao norte do Rio Ivaí, no Estado do Paraná (em verde).

Também é o caso da Colônia Sussui, situada no município de Engenheiro Beltrão, a cerca de 50 km a oeste de Maringá, que recebeu descendentes de alemães do leste catarinense, notadamente das regiões de Blumenau, Benedito Novo, Taió e Ibirama. Os primeiros migrantes chegaram em 26/07/1948, quando adquiriram terras da Sociedade Técnica e Colonizadora Engenheiro Beltrão Ltda., dos irmãos Francisco Beltrão Gutierrez e Alexandre Beltrão Gutierrez, que colonizaram vasta área, denominada Gleba Rio Mourão, na margem esquerda do Rio Ivaí.


A partir de 1948, alemães e descendentes de alemães migraram de cidades do Vale do Rio Itajaí, em Santa Catarina (em branco), para a Colônia Sussui, em terras da margem esquerda do Rio Ivaí, no atual município de Engenheiro Beltrão, no Paraná (em verde).

Dentre os moradores da Colônia Sussui, estava Bruno Selbmann, natural de Benedito Novo (SC), filho de Emílio Selbmann e Ida Selbmann, que chegou em Sussui com a esposa Gertrudes Selbmann e os filhos Erany e Rolf.

Em 1955, seu filho Rolf Selbmann veio estudar em Maringá.  Fez o quarto ano primário e os dois primeiros anos ginasiais no Ginásio Maringá (atual Colégio Marista). O terceiro ano fez no Colégio Gastão Vidigal. Formou-se em 1963. Em 1964, começou a exercer o magistério, ministrando a disciplina de matemática. Fez licenciatura em Ciências, em Maringá, e Matemática, em Mandaguari. Foi tesoureiro da União Maringaense dos Estudantes Secundaristas – UMES, junto com Hugo Hoffmann, outro descendente de alemães, vindo da cidade de Luzerna, situada próxima a Joaçaba, no Vale do Peixe, em Santa Catarina. Casado com a professora Maria Malta, Rolf Selbmann foi um dos primeiros professores do Colégio João XXIII e também trabalhou no Colégio Adaile Maria Leite. Aposentou-se como vice-diretor do Colégio João XXIII.

Dentre as inúmeras famílias de origem alemã que ajudaram a construir Maringá pode-se relacionar as seguintes:
Aidam;
Arenhart;
Arns;
Assmann;
Bartmann;
Basteck;
Baudisch;
Beckhouse;
Belz 
Biel;
Boehm;
Bolfer; 
Brandel;
Brenner;
Brosowski;
Bruder;
Buchweitz;
Derner;
Dickmayer;
Digmayer;
Dittert;
Eidam; 
Falkemback;
Freiberger;
Friedrich;
Fuchs;
Gaase;
Gremer; 
Grotewold;
Hackl;
Hass;
Henke;
Herold; 
Hesse; 
Hoffmann;
Hoffmeister;
Hübel;
Hubner;
Kaiser;
Kelbert; 
Kemmelmeier;
Klöckner;
Knippelberg; 
Koepsel;
Liesenberg; 
Lindner;
Loest;
Lührs;
Mann;
Martin;
Mayer;
Meller;
Meyer;
Mommenshon;
Nehring; 
Osterroht;
Pandorf;
Petry;
Philipp;
Plank;
Preis; 
Rittes;
Rockemback;
Roters; 
Ruhe; 
Scheer; 
Schenkel;
Schiel ;
Schlünzen;
Schmitt;
Schubert; 
Schwabe;
Serta;
Sponholz;
Staiger;
Steiger; 
Stein; 
Ternieden; 
Thonern;
Tucholke;
Vier;
Volkamer;
Weinberg;
Werneck; 
Wippel;
Wolfart;
Wollmeister; 
Wunderlich; e 
Wurmeister.

Também tiveram importância no desenvolvimento de Maringá os religiosos católicos alemães, ou descendentes de alemães, como o padre diocesano João Janssem, alemão de nascimento, que foi o segundo pároco da Paróquia da Santíssima Trindade, entre 07/10/1951 e 11/09/1955. 

Foi em sua administração pastoral que se deu a mudança do orago da paróquia, por decreto de 05/08/1952, assinado por Dom Geraldo de Proença Sigaud, bispo de Jacarezinho, que conferiu à paróquia de Maringá, então dedicada à Santíssima Trindade, a sua nova padroeira, Nossa Senhora da Glória.


Padre Diocesano João Janssem.

Outros importantes padres diocesanos de origem alemã que atuaram na Paróquia Nossa Senhora da Glória foram:

João Philippi, 6º pároco da Paróquia Nossa Senhora da Glória (setembro/1960 a 03/04/1962); e
Carlos Steimel, cooperador da Paróquia Nossa Senhora da Glória.

Congregações religiosas estiveram presentes em Maringá desde o início dos anos 1950. É o caso dos Palotinos, da Sociedade do Apostolado Católica – SAC. 

Os Palotinos, de origem alemã, desde novembro de 1929 estiveram presentes na Diocese de Jacarezinho, que abrangia todo o Norte do Paraná, desde a Sede até as barrancas do Rio Paraná. 

Os Palotinos foram os primeiros párocos da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, criada em Londrina, em 09/03/1934. A partir de Londrina, os padres Palotinos percorriam os sertões do Norte do Paraná, fazendo atendimento espiritual da população católica, através das visitas pastorais de desobriga. Em 19/03/1935, fundaram o Colégio Cristo Rei em Jacarezinho, onde muitos moradores de Maringá e região estudaram.

Padres Palotinos alemães, ou descendentes de alemães, que atuaram em Maringá e região:

Afonso Decker
Antônio Lock
Antônio Mohn
Bernardo Greiss
Carlos Giebel, 4º pároco da Paróquia Nossa Senhora da Glória (20/11/1955 a 20/12/1956);
Eugênio Herter
Felipe Hoberg
Francisco Buttenmüller;
Francisco Proske
Franz Hörnle
Germano José Mayer, 5º pároco da Paróquia Nossa Senhora da Glória (20/12/1956 a 15/08/1960)
Herbert Krauser
José Roth
José Schindler
Max Kaufmann
Max Kley
Otto Bender
Paulo Speisser
Roberto Ostheimer
Théo Hermann
Vicente Hennig

Outra importante congregação religiosa na história de Maringá foi a Companhia de Jesus – Jesuítas, que iniciou seu trabalho missionário em Maringá em 1952, a fim de estabelecer um centro de assistência social e religiosa às numerosas famílias japonesas que vinham se estabelecendo na região. A província da Companhia de Jesus, instalada em São Leopoldo (RS), enviou para Maringá e região diversos missionários e padres Jesuítas alemães, ou de origem alemã, que atuaram nas paróquias Nossa Senhora da Gloria e São José Operário, além de atuarem em capelas e obras da igreja na região. Dentre os padres, pode-se citar:

Afonso Hansen;
Agostinho Helmuth Kaiser;
Agostinho Klingen, primeiro pároco da Paróquia São José Operário (15/08/1954 a 29/10/1955);
AmândioFritzen;
Antônio Binsfeld;
Arnaldo Beckenkamp;
Arthur Frantz;
Avelino tenCaten;
Benno Wagner, 3º pároco da Paróquia Nossa Senhora da Glória (11/09/1955 a 20/11/1955) e 2º pároco da Paróquia São José Operário (20/11/1955 a 01/01/1957);
Benno Leopoldo Petry, 6º pároco da Paróquia São José Operário (13/09/1970 a 23/05/1973);
Bruno Metzen;
Ervino Schmidt;
Felipe A. Kroetz;
Fernando Seidel;
Francisco Boesing, 4º pároco da Paróquia São José Operário (05/02/1960 a 22/02/1967);
Genésio L. Adami;
Ivo Dalsenter;
Jacob Melz;
João Marcos Schneider;
João Wanat, 5º pároco da Paróquia São José Operário (05/03/1967 a 13/09/1970);
Jorge Scholl;
José Elias Feyh;
José Nelson Knob;
José Sylvio Fritzen;
José Téo Kipper;
José Victor Riffel;
Lauro Willy Barth;
Leo Aloysius Kolberg;
Orlando Allgayer;
Osvaldo Pedro Rambo, 3º pároco da Paróquia São José Operário (01/01/1957 a 05/02/1960);
Otmar Moerschberger;
Paulo Olejak;
Pedro Bernardy;
Ruperto Antônio Jaeger;
Silvino Arnhold;
Silvino Pedro Rabuske;
Urbano Müller; e
Vendelino Müller

Os Padres Carmelitas alemães, ou de origem alemã, também atuaram em Maringá e região. Dentre eles pode-se citar:

Alberto Foerst;
Boaventura Einberger;
Bruno Doepgen;
Jerônimo Brodka;
Joaquim Knoblauech;
Matias Warneke;
Rafael Manika; e
Ulrico Goewert.

Também tiveram grande importância os irmãos alemães da Congregação dos Irmãos da Misericórdia de Maria Auxiliadora, fundada em 21/06/1850, em Trier, Alemanha. Os primeiros irmãos chegaram a Maringá em 18/12/1953 para assumir a direção da Santa Casa de Misericórdia. Alguns deles se notabilizaram em função dos serviços prestados à Igreja e à sociedade maringaense: 

Gerhard Schneider, conhecido na Congregação como Irmão Emiliano e como Padre Geraldo na Diocese de Maringá, sendo responsável por diversas obras assistências e educativas na cidade; 
Friedrich Josef Karl Gerkens, conhecido na Congregação como Irmão Teodósio e como Padre Fritz na Diocese de Maringá, onde atuou como ecônomo do Seminário Diocesano e padre em paróquias de Maringá e região; 
Thilo Hune, médico alemão, primeiro cirurgião da Santa Casa;
Irmão Geraldo Mehling – presidente da Santa Casa (1971-1976);
Irmão Rudi Bertilo Mallmann – presidente da Santa Casa (1980-1986);
Irmão Vidal Klur – presidente da Santa Casa (1986-1993); e
Irmão Daniel (Paulo Graf) – presidente da Santa Casa (1993-2004).


Padre Geraldo Schneider.


Padre Fritz.

No campo da educação, sobressaem as irmãs alemãs da Congregação das Missionárias do Santo Nome de Maria, fundada em 25/03/1920 em Osnabrück, Alemanha. As primeiras irmãs chegaram a Maringá em 12/06/1956 para assumir a escola que se tornaria o Colégio Santo Inácio:

Agnes Huning (Irmã Maria Conradine);
Anna Gebina Janssen (Irmã Maria Conrada);
Maria Christine Spreckelmeyer (Irmã Maria Antonella);
Anna Eleonor Hohmann (Irmã Maria Sturmia);
Maria Paula Im Moore (Irmã Maria Callista); e
Maria AdelheidGinten (Irmã Maria Dierlinde), que de 1973 até seu falecimento, em 03/06/2010, administrou a residência episcopal, onde morava o arcebispo Dom Jaime Luiz Coelho. Cabia a ela a organização de todos os documentos, correspondências, artigos, fotos e arquivo pessoal do Arcebispo. 

Em 10/08/1957, chegou a Maringá a alemã Anna Berta Agnes Kuntny (Irmã Maria Jutta), também religiosa da Congregação das Missionárias do Santo Nome de Maria, que atuou no Colégio Santo Inácio por muitos anos.

Nos anos seguintes, outras religiosas alemãs chegaram a Maringá para atuarem no Colégio Santo Inácio, na Creche Menino Jesus e na Santa Casa de Maringá. Dentre as Irmãs, pode-se citar:

Anneliese Dröge (Irmã Maria Antona), que chegou ao Brasil em 12/09/1962;
Ursula Erna Feid (Irma Maria Úrsula), que chegou ao Brasil em 12/09/1962 e veio para Maringá em 1963, depois de ter passado por Ubiratã (PR);
Irmã Xavieres;
Irmã Dolores;
Irmã Maria Dorotéia; e
Irmã Fábia.

Com a criação do Noviciado Rainha da Paz, a congregação iniciou a formação de jovens brasileiras. A inauguração se deu em 22/05/1964, com a presença do Bispo D. Jaime Luiz Coelho, do pároco Francisco Boesing, da Paróquia São José Operário, e da Madre Seraphine, superiora regional da Congregação.


Irmãs alemãs da Congregação das Missionárias do Santo Nome de Maria, que chegaram a Maringá em 12/06/1956. 

A Arquidiocese de Maringá também recebeu arcebispos de origem alemã:

Dom Murilo Krieger, nascido em Brusque (SC). Foi o 2º Arcebispo de Maringá, empossado em 11/07/1997. Atualmente é o arcebispo emérito metropolitano de São Salvador da Bahia e Primaz do Brasil.; e
Dom Frei Severino Clasen, nascido em Ituporanga (SC). É 6º Arcebispo de Maringá, empossado em 15/08/2020.

Os alemães e seus descentes também se notabilizaram na sociedade civil e empresarial de Maringá. 

Um importante membro da Colônia Alemã de Maringá foi Herbert Mayer, que se graduou em administração de empresas na Alemanha e em hotelaria na Suíça, migrou para o Brasil em 1936, morando em São Paulo, Rolândia e Mandaguari. Em 1952, instalou em Maringá o Restaurante Lord Lovat e depois administrou o Grande Hotel Maringá. Em 01/02/1965, foi admitido como secretário da Associação Comercial e Industrial de Maringá – ACIM, onde desempenhou importante papel na estruturação e organização daquela entidade.


Herbert Mayer com o filho no colo.

Victor Belz, descendente de alemães nascido em Blumenau (SC), formado em Odontologia pela Universidade Federal do Paraná, também escolheu Maringá para constituir sua família e exercer sua profissão. No ano de 1964, foi convidado pelo então prefeito eleito Luiz Moreira de Carvalho para exercer o cargo de Secretário Municipal de Educação, Saúde e Assistência Social na gestão de 1965/1968, sendo mais um cidadão teuto–brasileiro a prestar serviços ao município de Maringá.

Nas eleições municipais de 06/12/1964, Victor Ivo Assmann, catarinense descendente de alemães e membro da Colônia Alemã maringaense, foi eleito vice-prefeito de Maringá, ocupando o cargo de 14/12/1964 a 31/01/1969, durante a gestão do prefeito Luiz Moreira de Carvalho. Foi a primeira vez que houve eleições para o cargo de vice–prefeito em Maringá. Victor Ivo era empresário, proprietário da Importadora Pindorama, e também foi presidente da Associação Comercial e Industrial de Maringá, na gestão 1960-1961.


Victor Ivo Assmann.

Egídio Assmann, descendente de alemães e primo de Victor Ivo Assmann, era empresário, proprietário da Casa Gaúcha, e foi vereador em Maringá entre 1969/1973.


Egídio Assmann.

Outro descendente de alemães a assumir cargos públicos foi João Preis, catarinense de Forquilhinha, à época pertencente ao município de Criciúma. Chegou a Maringá em 1956. Empresário do ramo de transporte e ex-presidente do Clube Teuto–Brasileiro, João Preis ocupou o cargo de Secretário Municipal de Indústria, Comércio e Agricultura de Maringá, durante a gestão do prefeito Said Felício Ferreira (1983/1988). Em 1988, candidatou-se a prefeito, ficando em segundo lugar. Em 1990, candidatou-se a Deputado Estadual, ficando na primeira suplência e assumindo o cargo em 14/03/1991. Em 1994, voltou a candidatar-se a reeleição, ficando novamente na suplência e assumindo o cargo por um breve período. Foi agraciado com o título de Cidadão Honorário do Paraná, em 01/08/2007.


Capa do livro “Amor e ideais”, autobiografia de João Preis, lançado em 2021.

Ao longo da história de Maringá, os imigrantes alemães e seus descendentes criaram importantes empresas, que muito contribuíram para o desenvolvimento da cidade e região, como por exemplo: o Frigorífico Maringá S.A., de Reinhold Ferdinand Baudisch; a Comercial Catarinense S.A, da família Mommensohn; o Centro Comercial Tiradentes, da família Martin; a Serraria Werneck, de Waldemiro Werneck; a Serraria Brenner, de Agostinho Brenner; entre outras.


Reynold Ferdinandi Baudich, fundador do Frigorífico Maringá.

No campo das artes, teve grande destaque o artista plástico e pintor Edgar Werner Osterroht, alemão que chegou a Maringá ainda jovem, com os pais e irmãos, em 1951, e que retratou a cidade nos seus primeiros anos de colonização, em telas pintadas com muito realismo e perfeição.


Edgar Werner  Osterroht em seu ateliê, em julho/2017.

Outro importante membro da colônia alemã em Maringá foi Claus Paul Thonern, nascido na Alemanha em 09/02/1902, que chegou ao Brasil em 1923. 

Claus estabeleceu-se na região de Presidente Getúlio e Canoinhas, em Santa Catarina, onde trabalhou por 24 anos. Em 1947, migrou para Rolândia, no Paraná, para ser sócio-gerente da Máquina de Café Santa Catarina. Em 1952, ele já anteviu que Maringá seria uma cidade de futuro promissor. Nesse ano, abriu a Empresa Construtora Claus Ltda. e a Casa Dithmársia de materiais de construção, em Maringá. 

Construiu os prédios da Prosdócimo S/A. (atual ACIM/SICOOB) e do “O Mundo das Máquinas”, ambos na atual Praça Napoleão Moreira da Silva. 

Com a compra de algumas áreas rurais, em Maringá e em Fênix (PR), também se envolveu na agro-pecuária. 

A dissolução do seu casamento, em 1953, levou-o a concluir as obras iniciadas e encerrar suas empresas, dedicando-se então à criação de suínos e gado leiteiro. 

Naquela época, os produtores de leite entregavam o produto nas casas dos clientes. Assim, nos anos 1955 e 1956, ele procurou motivar os demais produtores de leite a fundarem uma cooperativa de laticínios, para facilitar seus trabalhos, mas não teve sucesso, porque o cooperativismo em Maringá ainda era desconhecido.

Após um novo casamento, Claus foi convidado pelo seu amigo Reinhold Ferdinand Baudisch para gerenciar o Frigorífico Maringá S/A. – Frigma, encerrando assim suas atividades na leiteria. 

No final da década de 1950, houve uma disparada no plantio de hortelã no Norte do Paraná, e ele também passou a cultivá-la. Logo, porém, os produtores do óleo de hortelã perceberam que as poucas empresas compradoras pagavam muito pouco em comparação com o preço internacional. Claus, então, procurou persuadir outros produtores, amigos seus, a criarem uma cooperativa, para obterem um preço mais justo, e então, no dia 07/04/1962, seu sonho cooperativista se concretizou. 

Produtores como Aloysio de Lima Bastos, Agostinho Brenner, Ardinal Ribas, Severino Valler, Antonio Vassélio, Odwaldo Bueno Netto, Ney Infante Vieira e vários outros, num total de 60 plantadores de hortelã da região, decidiram fundar a Cooperativa Agro-Pecuária do Norte do Paraná Ltda. – Coopermenta, com sede em Maringá.

Com isso, o preço do óleo de hortelã subiu aproximadamente 50% para os produtores cooperados naquele ano. Um ano depois, em 27/03/1963, alguns dos mesmos cooperados, mas que também eram produtores de café, vendo os benefícios do cooperativismo e animados pelo Banco do Brasil S/A., resolveram fundar a Cooperativa dos Cafeicultores de Maringá, na época com apenas 30 associados, mas hoje transformada na poderosa Cocamar, uma referência no Brasil. 

Claus Thonern, infelizmente, não pode participar do estupendo resultado de seu empenho pelo cooperativismo, ideia que ele trouxe da Alemanha, porque no dia 31/08/1962 veio a falecer em Maringá, como consequência de um acidente. 

Através da Lei Municipal nº 9.051, de 02/12/2011, seu nome foi dado à Avenida nº 41.105, na zona 41, no entorno do Parque Industrial da Cocamar. Já a Coopermenta foi encerrada poucos anos após sua fundação, em parte porque o plantio de hortelã se extinguiu e também porque a Cocamar havia abarcado a comercialização de cereais e algodão.


Membros da Cooperativa Agropecuária do Norte do Paraná - 1962. Da esquerda à direita: Aloysio de Lima Bastos, Clauss Thornern, Ariosto Linhares, Ruben Garcia Bastos, Oswaldo Silva e Christopher Peter Bueno Netto. 

De acordo com Adrian von Treuenfels, Cônsul Honorário da República Federal da Alemanha em Rolândia (PR), o Consulado não possui estatísticas sobre a quantidade de alemães e seus descendentes que residem em Maringá. Ele faz somente uma vaga suposição que em sua jurisdição consular, que engloba todo norte e nordeste do Estado do Paraná, vivam atualmente cerca de 15 a 20 mil alemães ou descendentes de alemães. 

Em breve, publicaremos mais textos sobre a Colônia Alemã de Maringá, contando um pouco da história da Igreja Luterana em Maringá, sobre o Centro Cultural 25 de Julho de Maringá e sobre o Clube Cultural e Recreativo Teuto-Brasileiro de Maringá e seus grupos folclóricos.

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