Em maio de 1985, o professor Florestan Fernandes esteve na Universidade Estadual de Maringá (UEM) onde proferiu palestra sobre a “Nova República”. O país vivia a ressaca da derrota das “Diretas Já” na Câmara dos Deputados, mas havia a esperança do retorno pleno à democracia com a eleição de um presidente civil após 20 anos de ditadura militar. Tancredo Neves foi hospitalizado e veio a falecer em 21 de abril. Com isso, José Sarney governava o país. 

Os ventos da democracia estavam presentes em especial no ambiente universitário. Florestan Fernandes, com sua erudição sociológica, interpretou, no calor da hora, o significado das mudanças em curso e os limites da assim chamada Nova República, a forma como os líderes políticos que assumiam o poder batizavam o período que se abria. 

No clima de ampla participação política que caracterizava o momento então vivido, o auditório Ney Marques foi pequeno para abrigar o público interessado, como se vê na imagem.

Naquele mês de maio de 1985, professores e alunos se uniram e paralisaram as atividades da UEM. Segundo o historiador Reginaldo Benedito Dias, o DCE, a Aduem e a Afuem definiram uma pauta conjunta, que reivindicava mudanças na estrutura de poder da universidade, gratuidade do ensino e reajustes trimestrais. 

Sobre Florestan Fernandes

Paulistano, nasceu em 1920. De família humilde, trabalhou desde cedo para ajudar no sustento da casa. Estudou na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da USP, onde fez doutorado. Atuou em pesquisas com o sociólogo francês Roger Bastide e foi professor de Fernando Henrique Cardoso. Durante a ditadura foi aposentado compulsoriamente da USP. Deixou o país e lecionou no Canadá e Estados Unidos. Retornou ao Brasil e foi eleito Deputado Constituinte em 1986 e Deputado Federal em 1990. Trabalhou na elaboração do texto da Lei de Diretrizes e Bases (LDB). Faleceu em 1995. Uma de suas frases marcantes é: “Contra as ideias da força, a força das ideias!”

Fontes: Museu Bacia do Paraná / Acervo UEM / Acervo Maringá Histórica. 

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