Maringá

Sonia Braga da pequena Maringá - 1980

1980

A maringaense Sonia Braga aparece num ensaio biofotográfico no Jornal do Brasil em março de 1980. As fotos do premiado Evandro Teixeira e o texto assinado por José Emílio Rondeau revelam detalhes da vida da atriz no auge da fama, incluindo sua infância na “pequena Maringá”.

“Sonia Maria Campos também não sabia, quando começou a fazer televisão em São Paulo, aos 14 anos. O pai era ‘uma espécie de corretor de terras com sonhos burguese’ e a mãe dividia atenções entre sete irmãos na pequena Maringá, no Paraná. Quando o pai morreu, Sonia tinha oito anos e lembra que sua família ficou pobre da noite para o dia. Recém-chegada a São Paulo, foi obrigada a deixar o colégio particular, de freiras, para ajudar a mãe na fabricação de chupetas e na padaria que a família adquiriu como sustento. Dentro da recém-adquirida vida dura, havia também a competição com a irmã Ana - atriz premiada pela Associação Paulista de Críticos de Arte – ‘que era muito protegida, mais velha, mais bonita’. Principalmente na escola. (...)

A partir de Dona Flor - o breakthrough internacional de Sônia - crítica, a imprensa generalizada internacional abriu-lhe páginas e laudas de elogio, mesuras e bajulação. Dois anos quase ininterruptos de assédio que faziam parecer que aquela interiorana de Maringá, cadeiruda, baixa, 1m60cm e 52kg, cabelos sem grandes tratos e uma simplicidade de causar espécie atingia o glamour e o tédio-de-tudo-isso que caracterizou Júlia (* personagem que interpretou em Dona Flor e Seus Dois Maridos)

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E ela está aqui, vestida de Gely (personagem da novela Chega Mais – Globo, 1980), fugida da hora do almoço, nos recônditos da Rua Corcovado, no Jardim Botânico, posando para fotos. Um Corcel bege para em frente a ela - será um admirador mais afoito? Ela recosta-se no carro e murmura ‘espera só’. José Lewgoy emerge do carro, abaixa- se, pega a perna de Sonia, que já está no ar, e beija afetuosamente seus pés. ‘A maior estrela do Brasil’. Ela ri e deixa-se fotografar com ele, abraçados. ‘É sempre assim, em qualquer lugar que me encontre’. Ficam brincando, piadas caseiras. A estrela da rua, de Maringá, da padaria. De uma casa próxima, o rádio berra: ‘Video killed the radio star. Video killed the radio star’. O vídeo pode ter matado a artista de rádio. Mas não afetará a primeira estrela do cinema.”

Fonte: Jornal do Brasil – março de 1980 / acervo do jornalista Marcelo Bulgarelli / Acervo Maringá Histórica.