Maringá

Uma tragédia no Estádio Willie Davids - 1978

1978


 A última jogada de Valtencir, segundo a dramática sequência da TV Globo: Nivaldo (de camisa branca) atinge o craque do Colorado, que cai no chão, enquanto o adversário voa sobre ele. Na última foto, o juiz se aproxima de Valtencir.

“Era um jogo normal, bem disputado, sem violência e o marcador de zero a zero provava o equilíbrio da partida. O Estádio Willie Davids abrigava bom público e Grêmio Maringá e Colorado iniciavam a disputa do turno de vencedores do campeonato paranaense de 1978.

Aos 38 minutos de jogo, ocorreu a fatalidade: uma disputa normal de bola entre Nivaldo, do Maringá, e Valtencir do Colorado, iria transformar o domingo 17 de setembro no dia mais triste que o futebol do Paraná já viveu em toda a sua história. No choque, Nivaldo caiu, fazendo o possível para não atingir o adversário. Mas Valtencir levou a pior. Caiu mal, batendo com a cabeça no chão”.

Assim começou o texto do jornalista Vinicius Coelho, correspondente da Revista Manchete. As imagens sobre o incidente foram registradas pela TV Cultura (Globo) de Maringá. O texto prossegue:

“O árbitro Eraldo Palmerini parou a partida e chamou a maca. Valtencir ainda se contorceu, mas logo depois estava inerte. Desmaiado, respiração quase imperceptível, foi levado para o vestiário, onde o médico do Grêmio Maringá, Carlos Sabóia, lhe aplicou respiração boca-a-boca, enquanto aguardava a ambulância que o transportaria para o Hospital Santa Rita. Ao dar entrada no hospital, Valtencir morreu.

Já no vestiário, quando iniciamos a respiração artificial, sentimos a gravidade do caso. Valtencir não reagia e sua atividade motora era nula", informou Sabóia, momentos após, ao falar aos repórteres paranaenses.

Ainda segundo a reportagem,  o clima era de consternação geral nos vestiários do estádio, onde as duas equipes descansavam para continuar o jogo. “Quando veio a confirmação da morte do jogador, ninguém conseguiu mais se entender. Mesmo sem saber se o jogo continuaria, ou não, o público começou a abandonar o estádio. Ainda nos vestiários, os jogadores do Colorado não queriam acreditar no fato consumado”.

“Queirós, companheiro de Valtencir na equipe do Botafogo, do Rio de Janeiro, ficou completamente transtornado, enquanto os dirigentes tomavam as providências que o caso exigia. Em Curitiba, onde jogavam Atlético e Iguaçu, a partida foi paralisada para que se observasse um minuto de silencio”.

O jornalista também revela que o meio-campo Carlos Roberto (na época no Atlético e companheiro de Valtencir no Botafogo), sofreu uma crise nervosa, sendo obrigado a deixar o campo.

Transportado num táxi aéreo, o corpo de Valtencir chegou a Curitiba às 19h45, sendo levado em seguida para o Instituto Médico Legal. Às 22h25, terminava a autópsia. constatando-se como causa mortis fratura e luxação na região cervical e rompimento da medula.

O corpo de Valtencir foi transportado então para a Capela da Reitoria da Universidade Federal do Paraná, antes de ser transladado para o Rio de Janeiro.

 

O ATLETA

Valtencir Pereira Senra, 31 anos, ex-lateral esquerdo do Botafogo, onde atuou durante nove anos, sendo bicampeão em 1967 e 1968, jogou na Seleção brasileira e na Venezuela, transferindo-se em junho de 1978, já em fim de carreira, para o Colorado. Era casado com Terezinha Senra, com quem tinha duas filhas. Iniciou sua carreira no Tupi, de Juiz de Fora, em Minas Gerais, onde nasceu em 1947.

Fontes: Revista Manchete de setembro de 1978 / Acervo Maringá Histórica.

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