1980
O registro aéreo mostra parte do Parque do Ingá, bem como o centro de Maringá, no início da década de 1980.
À esquerda é possível identificar a avenida Tiradentes e a Catedral Nossa Senhora da Glória.
Necessário reiterar que foi naquela década que houve a verticalização urbana, com o surgimento de diversos empreendimentos imobiliários, sobretudo, nessa região da cidade.
Segundo registros do boletim Comércio & Indústria de dezembro de 1984, Maringá possuía cerca de 200 mil habitantes; 2.289 estabelecimentos comerciais, varejistas e atacadistas; 49 agências bancárias; 650 indústrias; dois jornais; um canal de TV; 53 escolas de primeiro e segundo grau e uma universidade.
Na mesma edição, o impresso da ACIM trouxe um alerta sobre o mercado imobiliário da cidade por meio do depoimento de José Ferreira da Silva, da Solar Imóveis:
O crescimento espantoso de Maringá nos últimos dois anos fez com que houvesse um aumento também muito grande de construções, principalmente de edifícios. Antes, era bem mais fácil vender um prédio. Hoje levamos de 18 a 24 meses para vender cerca de 50 apartamentos na zona central.
A mesma publicação também trouxe posições de outros empresários do ramo, que citavam que o preço dos imóveis de Maringá havia disparado, com valorização de 150% se comparado ao ano anterior, o que dificultava a venda, inclusive para investidores que vinham de outras cidades do país.
Várias hipóteses podem ser levantadas na análise da supervalorização dos imóveis daquele período. Uma delas está baseada no crescimento considerável da população que teve, ao final da década, o maior incremento registrado até então: mais de 72 mil pessoas. Outros fatores que contribuíram para inflacionar o mercado imobiliário foram a elevação do número de cursos superiores da Universidade Estadual de Maringá e o crescimento do comércio atacadista, da agroindústria e da comercialização de carnes e embutidos.
O historiador João Laércio Lopes Leal lembra que a verticalização foi inevitável com aquele cenário:
Essa elevação considerável dessa década se traduz em um mercado imobiliário altamente aquecido, porque mais de 500 projetos de prédios [...] foram aprovados pela prefeitura. Sendo que até o início da década de 1980, a cidade havia contabilizado no máximo 80 projetos neste formato. [...] Isso mostra que a construção civil esteve extremamente aquecida. [...]. Claro, temos a figura do prefeito Said Ferreira, que foi muito dinâmico. A primeira gestão dele, que vai de 1983 a 1988, foi conduzida com muita proatividade.
O geógrafo Ricardo Luiz Töws, que desenvolveu estudos sobre o processo de verticalização de Maringá, destaca que:
[...] Em 1983 o legislativo aprovou as leis relativas à regulação do espaço, com destaque para a lei nº 1.736/83, que diz respeito aos parâmetros de ocupação do solo. Essa lei caracteriza o espaço urbano maringaense e a respectiva atuação do poder público: aumentou os coeficientes de aproveitamento [...], deixou livre a altura das edificações em diversas zonas e aumentou também a taxa de ocupação dos terrenos. Retoma-se o argumento adquirido [...], de que, para o incorporador, ficou ótimo atuar em Maringá. [...] Desse modo, na referida década foram aprovados [...] 521 projetos de edifícios com 4 ou mais pavimentos [...]. A cidade de Maringá conheceu o auge do processo de acumulação de capital e investimentos diretos na construção civil. Conheceu também, [...] com uma dinâmica avançada, o processo de incorporação imobiliária, com empresas como a Construtora Encol, a Construtora Lótus, Eugecapri, Garsa, Construtil, entre outras atuando no período.
Fontes: Livro "O sonho se faz ACIM: Associação Comercial e Empresarial de Maringá" de Dirceu Herrero Gomes e Miguel Fernando Perez Silva / Gerência de Patrimônio Histórico de Maringá / Acervo Maringá Histórica.
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