Registro, possivelmente, do final da década de 1960. Da esquerda para direita aparecem: um personagem não identificado, o vereador Ary de Lima (ARENA), o governador Paulo Cruz Pimentel (PTN) e o deputado federal Haroldo Leon Peres (ARENA).
A foto marca um encontro inusitado entre Haroldo Leon Peres e Paulo Pimentel devido aos fatos que se sucederam a partir de então.
No pleito de novembro de 1966, Haroldo Leon Peres se elegeu deputado federal pelo Paraná na legenda da ARENA, tendo sido, com 42.471 votos, o quarto candidato mais votado de seu partido e o quinto na votação geral. Deixando a Assembléia paranaense em janeiro de 1967, assumiu em fevereiro seguinte o mandato na Câmara dos Deputados e ainda nesse ano passou a exercer a vice-liderança de seu partido, já durante o governo do marechal Artur da Costa e Silva (1967-1969).
Segundo declaração feita à imprensa por ele próprio, em 1969, Leon Peres foi procurado pelo chefe do Gabinete Civil do presidente Médici, João Leitão de Abreu, e informado de que estava autorizado a percorrer os estados e elaborar listas tríplices com os nomes dos possíveis candidatos da ARENA a governador para o período de 1971 a 1975. Entre esses nomes deveria constar o seu.
Em 1970, Leon Peres foi indicado pelo presidente Médici para suceder ao governador paranaense Paulo Pimentel. Tencionando assegurar sua posse, propôs a Paulo Pimentel entregar-lhe a secretaria de Agricultura do Estado em troca de seu apoio político, mas, antes mesmo de assumir o governo, indispôs-se com as lideranças políticas paranaenses, rompendo com Pimentel e com o então senador Ney Braga.
Em outubro de 1970, Leon Peres teve seu nome referendado pela Assembléia Legislativa do Paraná, vindo a tomar posse no governo em 15 de março do ano seguinte. Qualificando-se como “a Revolução que chega ao Paraná”, prometeu “agir com mão de ferro contra a corrupção e a subversão no estado”. No entanto, apenas algumas semanas após ter tomado posse, envolveu-se em atritos com a Assembléia Legislativa e com o Tribunal de Justiça, tendo recorrido por duas vezes ao Supremo Tribunal Federal (STF) - inicialmente para suspender o decreto do Tribunal de Justiça que aumentava os vencimentos da magistratura e, depois, para garantir a realização de reformas na Constituição do estado que haviam sido anuladas pelo Tribunal de Justiça. Na ocasião ordenou que a polícia invadisse redações de jornais e estúdios de televisão que criticavam sua atuação no governo — alguns dos quais de propriedade do ex-governador Paulo Pimentel.
Em 6 de dezembro de 1971, ao reunir-se com o ministro da Justiça, Alfredo Buzaid, Leon Peres foi advertido de que deveria renunciar ao governo do Paraná devido ao rumo que tomava um processo movido contra ele por corrupção. Era acusado de haver exigido de Cecílio Rego de Almeida, o mais poderoso empreiteiro do Paraná à época, um depósito de um milhão de dólares no exterior para liberar o pagamento de 60 milhões de cruzeiros devidos pelo estado pela construção da Estrada de Ferro Central do Paraná. Era acusado ainda de haver recebido de outros empresários a quantia de 170 mil cruzeiros destinados à reforma de sua casa, além de haver sido beneficiado na compra de glebas de terras a baixo custo no município de Matelândia, perto de Foz do Iguaçu.
Leon Peres tentou negar as acusações e negociar sua permanência no governo, mas não a conseguiu, pois contra ele existiam provas concretas de envolvimento em corrupção. Sua conversa com Cecílio Rego de Almeida na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, para tratar do negócio, teria sido toda gravada e filmada por agentes do Serviço Nacional de Informações (SNI) - embora as gravações nunca tenham surgido. Ao saber disso, comprometeu-se a renunciar até o dia 22 de novembro de 1971, mas ainda tentou recuar na última hora, sendo advertido pelo deputado federal Ari Alcântara, enviado pelo presidente Médici a Curitiba, de que se não renunciasse imediatamente a notícia da suspensão de seus direitos políticos seria anunciada pelo rádio na Voz do Brasil.
Finalmente, no dia 23 de novembro, Leon Peres renunciou ao governo do Paraná, transmitindo o cargo ao vice-governador Pedro Viriato Parigot de Sousa.
Fonte: Gerência de Patrimônio Histórico de Maringá / Acervo Maringá Histórica / FGV - CPDOC.