Londrina

A cidade cortada pelos trilhos: o pátio ferroviário que dividiu Londrina

1964


Março de 1964. O pátio ferroviário de Londrina fervilhava com o vai e vem das locomotivas, vagões de carga e operários atentos. A imagem registrada por Oswaldo Leite é tanto um retrato do transporte ferroviário em seu auge quanto uma metáfora de como os trilhos moldaram — e dividiram — o espaço urbano da cidade.

Entre as ruas Duque de Caxias/Marechal Deodoro e Guaporé/Pernambuco, o extenso pátio funcionava como uma barreira física e simbólica. A cada manobra, as cancelas se fechavam, interrompendo o fluxo de veículos e pedestres. Essas passagens de nível marcavam a fronteira entre o centro nervoso e os bairros mais periféricos e como também impunham uma assimetria no desenvolvimento urbano.

Quem morava “acima” da linha do trem, mais próximo ao núcleo comercial, vivia os benefícios do crescimento, com infraestrutura mais robusta, escolas e comércio pujante. Já os que estavam “abaixo” da linha ferroviária enfrentavam maior isolamento e menos investimentos públicos — uma divisão silenciosa que perdurou por décadas.

Na fotografia, observa-se o vaivém dos trilhos e vagões, além de depósitos e galpões que movimentavam a economia local. O que poucos imaginam é que esse dinamismo também veio com o preço de segregações espaciais — consequências involuntárias, mas duradouras, de um modelo de urbanização centrado no transporte ferroviário.

Com o tempo, o barulho das locomotivas se calou e as linhas foram sendo soterradas pelo asfalto. Mas o impacto que elas deixaram ainda pode ser sentido nos caminhos, nas desigualdades e nas memórias de quem viveu de um lado ou de outro da cidade dos trilhos.

Fonte: Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Blog Londrina Histórica / Acervo Londrina Histórica.

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