Londrina

Trilhos que moldaram caminhos

1940

Antes que os automóveis dominassem as avenidas e o fluxo aéreo substituísse a lentidão dos trens, Londrina pulsava ao som das locomotivas. A imagem aérea captada por Yutaka Yasunaka nos transporta para uma época em que os trilhos ainda eram a espinha dorsal da economia local — e revela um detalhe singular do funcionamento ferroviário: o triângulo de manobra.

Diferentemente de muitas cidades que possuíam viradores circulares ou rotundas, Londrina adaptou-se com criatividade. As locomotivas eram reposicionadas em um triângulo ferroviário — estrutura que permitia a reversão do sentido do trem por meio de três linhas conectadas. Esta peça fundamental da engenharia ferroviária pode ser vista à direita da imagem, em um trecho que, décadas mais tarde, seria incorporado ao traçado urbano como parte da avenida Dez de Dezembro.

Além da peculiaridade técnica, a fotografia documenta o pátio da antiga Anderson & Clayton, multinacional do ramo algodoeiro que foi um dos pilares industriais de Londrina no século XX. Suas instalações e galpões, visíveis ao centro da imagem, contrastam com o entorno ainda rarefeito, pontilhado por poucas edificações, áreas rurais e vastos espaços não urbanizados.

À margem da ferrovia, nota-se também o acesso à madeireira SIAM, que utilizava o mesmo triângulo para suas operações logísticas. Trata-se de um encontro entre dois vetores de desenvolvimento da cidade: a ferrovia e o setor madeireiro, ambos motores da economia londrinense nas décadas de 1940 a 1960.

Hoje, com a expansão urbana, a avenida Dez de Dezembro cobre parte do antigo triângulo de manobra e o pátio da Anderson & Clayton cedeu lugar a novas estruturas. Mas imagens como esta são chaves para compreender os alicerces do progresso urbano e lembrar que os caminhos de ferro também são caminhos da memória.

Fonte: Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Blog Londrina Histórica / Acervo Londrina Histórica.