A fotografia registrada no início da década de 1930, eterniza um dos momentos mais simbólicos da formação de Londrina: a benção solene do Cruzeiro e a celebração da primeira missa campal junto aos pioneiros. No centro da imagem, um grande tronco caído e uma cruz rústica destacam-se em meio à exuberância da mata virgem que, à época, dominava grande parte da paisagem do norte paranaense. Ao redor, adultos e crianças vestem trajes simples e, em alguns casos, discretamente elegantes, revelando tanto a dureza do cotidiano de desbravamento quanto o respeito pela ocasião religiosa.

Diante da falta de estruturas consolidadas, o ato de fé ao ar livre simbolizava tanto um rito religioso quanto a união de um grupo que, recém-chegado à região, buscava raízes, identidade e proteção divina para enfrentar os desafios impostos por um território ainda inexplorado. É possível imaginar a trilha de solo batido que conduzia até esse ponto, onde o padre rezava a missa sobre um altar improvisado. Ali, cada oração soava como um pedido de bonança para o plantio, cuja promessa de prosperidade atraía famílias inteiras de outras partes do Brasil.

A Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP), responsável pela colonização e venda das glebas, oferecia incentivos para quem se aventurasse nas áreas cobertas pela mata densa. A implantação de um cruzeiro naquele local possuía ainda um caráter simbólico, marcando a presença de valores cristãos e funcionando como um sinal de confiança para futuros moradores e investidores. Esse primeiro ato litúrgico, portanto, não só reforçava a fé, mas também a ideia de que a comunidade nascia sob um propósito maior: edificar uma cidade em plena harmonia com a natureza e com o espírito de coletividade.

Fontes: Acervo Folha de Londrina / Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Acervo Londrina Histórica.

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