A fotografia, uma das mais emblemáticas imagens da história de Londrina, transporta-nos para um período em que o progresso e as dificuldades andavam lado a lado. A cena, registrada na avenida Paraná, entre as atuais ruas Professor João Cândido e Pernambuco, revela um tempo em que a cidade já possuía edifícios de alvenaria, mas ainda padecia com a falta de calçamento.

Na década de 1940, Londrina ainda era um canteiro de obras a céu aberto, onde a poeira dominava os dias secos e a lama transformava as ruas em verdadeiros desafios nos períodos de chuva. A terra vermelha, tão fértil para o cultivo do café, tornava-se um tormento para moradores e comerciantes, sujando casas, roupas e atrapalhando a circulação de mercadorias e pessoas.

Para driblar o barro, algumas soluções improvisadas eram adotadas. Correntes presas aos pneus de caminhões e carroças ajudavam os veículos a não atolarem. Pedestres também aderiam à técnica, amarrando pequenos pedaços de corrente na parte dianteira dos sapatos para evitar escorregões, contou Omeletino Benatto, conforme registrado no livro “Memórias Fotográficas”.

Outra invenção curiosa foi o "chora paulista", um limpador de pés instalado na entrada de residências e lojas, onde as pessoas raspavam a lama dos sapatos antes de entrar. O nome era uma brincadeira com os imigrantes paulistas, acostumados com cidades mais urbanizadas e pavimentadas, que frequentemente reclamavam das condições precárias de Londrina.

Além dos tombos constantes, um problema adicional recaía sobre os homens que, seguindo a moda da época, usavam ternos de linho branco. Bastava um escorregão para que a elegância se perdesse na lama e o traje ficasse irremediavelmente encardido.

Fontes: Boni, Paulo César; Unfried, Rosana Reineri. Memórias Fotográficas. Londrina: Eduel, 2012. / Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Acervo Londrina Histórica.

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