Construída para ser um símbolo do progresso no Norte do Paraná, a Estação Ferroviária de Londrina, inaugurada em 19 de julho de 1950, revela em suas origens uma trama de disputas políticas e urbanísticas. Prevista para ser entregue em dezembro de 1946, a obra enfrentou quase quatro anos de atraso devido a conflitos entre a Rede de Viação Paraná-Santa Catarina (RVPSC) e as forças políticas locais.

A Estação Ferroviária, hoje sede do Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss, foi projetada para atender ao crescimento de Londrina e ao papel estratégico da cidade na economia regional. Entretanto, sua construção ocorreu sob a sombra de um embate político entre o Partido Social Democrata (PSD), alinhado à RVPSC, e a União Democrática Nacional (UDN), predominante nas instituições e na Prefeitura de Londrina na época.

Em abril de 1946, lideranças locais pediram à RVPSC que o prédio fosse alinhado ao nível da rua Benjamin Constant, para integrar o plano urbanístico da cidade. A solicitação foi recusada, com o argumento de que isso geraria "vultosas despesas suplementares", mas o real motivo foi a "politicagem", com a RVPSC resistindo à pressão de forças políticas opostas.

As divergências ficaram explícitas na inauguração do edifício em 1950. A Prefeitura de Londrina, em um gesto simbólico de discordância, não enviou representantes. Ainda assim, a RVPSC promoveu o evento com pompa, inclusive patrocinando uma edição especial da Folha de Londrina para destacar o impacto da obra.

Apesar de sua imponência e da importância inicial para o transporte de passageiros e cargas, a estação foi perdendo relevância com o crescimento da cidade. A linha férrea, que cortava Londrina ao meio, passou a ser vista como um obstáculo ao desenvolvimento urbano. Em 1973, uma variante ferroviária fora da área urbana foi inaugurada, e, em 1981, o último trem de passageiros partiu, encerrando um ciclo.

Em um desfecho feliz, o prédio foi revitalizado e transformado no Museu Histórico de Londrina em 1984, preservando sua história e se tornando um marco cultural e arquitetônico da cidade.

Fontes: Prefeitura do Município de Londrina / Boni, Paulo César; Unfried, Rosana Reineri. Memórias Fotográficas. Londrina: Eduel, 2012. / Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Acervo Londrina Histórica.

Outras publicações:

Londrina

Grupo Escolar Hugo Simas: o alvorecer da educação pública em Londrina

Londrina

O Ginásio Estadual de Londrina: um marco da Educação e da Arquitetura na cidade