Londrina

O cinema londrinense e sua metamorfose na era digital

2003

A virada do milênio trouxe consigo transformações tecnológicas que redefiniram a produção cinematográfica em todo o mundo. Em Londrina, essa metamorfose foi sentida de forma particular, com a transição do Super 8 e 16mm para o vídeo digital e a emergência de novos atores no cenário cultural da cidade.

Após um período de relativa estagnação entre o final dos anos 1980 e boa parte da década de 1990, marcado pelo fim da Embrafilme e pela falta de incentivos, o cinema londrinense encontrou novo fôlego. Oficinas de realização em cinema, promovidas por entusiastas como Caio Julio Cesaro, revitalizaram o interesse pela produção audiovisual. Filmes como "De Repente Numa Tarde" (1998), em Super-8, e "Saudade" (1999), filmado em 16mm e finalizado em 35mm, sinalizaram o renascimento de uma cena que há muito clamava por expressão.

A criação da Kinoarte (foto), em 2003, representou um marco nessa trajetória. Mais do que uma instituição, a Kinoarte tornou-se um movimento, reunindo cineastas, produtores e amantes do cinema em torno de um objetivo comum: fortalecer a produção local e preservar a memória cinematográfica da região. Com projetos de formação, mostras e festivais, a organização consolidou Londrina como um polo de criatividade e inovação.

Ainda na primeira metade dos anos 2000, o advento das tecnologias digitais democratizou o acesso aos meios de produção. Câmeras mais acessíveis e softwares de edição permitiram que novas vozes emergissem, trazendo diversidade e contemporaneidade às narrativas. A internet amplificou esse impacto, possibilitando a difusão dos filmes londrinenses para além das divisas da cidade.

Uma comunidade resiliente se formou e foi se ampliando. A cidade continua a produzir talentos que ganham reconhecimento nacional e internacional, mantendo viva a chama acesa pelos pioneiros.

Fontes: Cesaro, Caio Julio. "Memória: Produção Cinematográfica em Londrina" (1995) / Arquivos da Kinoarte e Mostra Londrina de Cinema / Artigos da Revista Taturana (2009) / Acervo Londrina Histórica.