A praça Floriano Peixoto carrega consigo uma das lendas urbanas mais intrigantes da cidade. Muitos acreditam que o traçado das calçadas que cruzam a praça reproduz a bandeira do Reino Unido, em um possível tributo à influência inglesa na fundação de Londrina. A Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP), de origem britânica, foi a responsável pela colonização e desenvolvimento da cidade nos anos 1930, o que parece fortalecer essa narrativa.

Entretanto, ao contrário do que esse mito popular sugere, não há registros históricos que comprovem essa teoria. A urbanização da praça ocorreu nos anos 1940, em um período no qual a CTNP já estava sendo colocada à venda pelos ingleses. Envolvida nas consequências da Segunda Guerra Mundial, a companhia precisou vender suas propriedades no Brasil. Dado o contexto histórico, é improvável que a praça tenha sido projetada para homenagear a bandeira britânica.

O traçado peculiar da praça Floriano Peixoto, que se destaca por suas linhas transversais e diagonais, provavelmente reflete algo muito mais simples: o caminho natural percorrido pelos pedestres. Ao longo do tempo, as rotas que cortam a praça foram definidas pelas direções mais práticas que os transeuntes usavam para atravessá-la, e essas linhas se consolidaram durante  sua urbanização. A semelhança com a bandeira britânica é nada mais do que uma coincidência visual.

Apesar de a lenda persistir, a história desta praça é um reflexo das transformações de Londrina, uma cidade que, desde sua fundação, foi marcada pela presença de imigrantes e investidores estrangeiros, mas que desenvolveu sua própria identidade ao longo das décadas. O mito da bandeira britânica nas calçadas da praça é, talvez, uma lembrança de como a imaginação popular pode se misturar com o passado para criar novas narrativas.

A fotografia mostra um trecho da praça no final dos anos 1960.

Fontes: Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Prefeitura do Município de Londrina / Acervo Londrina Histórica.

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