Londrina

O ponto das charretes na alameda Manoel Ribas

1950

Numa Londrina de outrora, quando o moderno ainda se misturava com o tradicional, em meio ao trânsito cotidiano, a alameda Manoel Ribas abrigou um ponto peculiar que marcou época: o das charretes com pneus. Ficava em frente à antiga sede do Grêmio Literário e Recreativo Londrinense e ao posto de saúde. Estas charretes, fundamentais na época para a locomoção em uma cidade de ruas majoritariamente não pavimentadas, traçam um retrato vívido de um período de transição, onde o antigo e o novo coexistiam de maneira peculiar.

Com o avançar dos anos 1950, a cena urbana de Londrina começou a se transformar. Os táxis Morris, carinhosamente apelidados de "Biribas", e os robustos jipes Willys emergiram, alterando não apenas o cenário no ponto de charretes da alameda Manoel Ribas, mas também o próprio movimento social da cidade. No entanto, essas charretes não desapareceram totalmente; elas resistiram em outros cantos, como na Vila Matos, cenário da antiga zona do meretrício.

Neste novo contexto, as charretes assumiram um papel intrigante e controverso, servindo de condução para as prostitutas em suas idas às compras durante as tardes e às matinês dos cinemas aos domingos. Essa prática, além de escandalizar as senhoras "de bem" da cidade, rendeu às charretes o apelido pejorativo de "balaio das putas". Esse fenômeno não apenas reflete aspectos da vida social e cultural de Londrina na época, mas também evidencia o papel dos meios de transporte na construção da identidade urbana e na manifestação das dinâmicas sociais.

O apelido das charretes, porém, transcendeu as ruas de Londrina. Durante os tempos áureos do café, ele se estendeu aos aviões que traziam novas "meninas" de São Paulo e Rio de Janeiro para a cidade, revelando um capítulo intrigante da história local. Essa mistura de nostalgia, resistência e transformação urbana torna o ponto das charretes da alameda Manoel Ribas um marco cultural e histórico de Londrina, lembrando-nos de uma era em que a cidade pulsava em ritmo diferente, entre o tradicional e o moderno.

Fontes: Blog Londrina Histórica, disponível em https://londrinahistorica.blogspot.com / Acervo Londrina Histórica. / Acervo Folha de Londrina / Acervo Londrina Histórica.