1942
O dedicado médico de alma inquieta encontrou uma paixão que transcendia seu ofício. Orlando Vicentini, médico e cineasta londrinense, dedicou cerca de três décadas de sua vida à arte cinematográfica, deixando um legado marcado por imagens únicas e uma abordagem peculiar.
Em meio às suas obras, existe apenas uma cena em que Vicentini se faz presente. Sentado na estante, mergulhado em um livro sobre cinema, ele é uma figura discreta em sua própria narrativa. Essa imagem faz parte do filme "O Natal de 54", uma produção que carrega consigo os encantos e memórias de uma época passada. Orlando Vicentini nunca se envolveu em festivais ou mostras de filmes, mantendo-se à margem do cenário cinematográfico.
No final da década de 1950, Orlando Vicentini adquiriu um equipamento completo para filmar em terceira dimensão. Era uma investida ousada em um momento em que essa tecnologia ainda engatinhava. O conjunto incluía uma lente especial para filmagem, outra para a projeção, uma tela específica para a exibição, os óculos necessários para a experiência tridimensional e o manual. É o único equipamento em 3D que existiu em Londrina. Vicentini fez algumas experiências com essa tecnologia, mas acabou por abandonar o equipamento, considerando-o excessivamente complexo.
A solidão se fez presente na trajetória do cineasta Vicentini quando seu ajudante, o filho Archibaldo Vicentini, deixou Londrina para cursar a faculdade. Orlando adquiriu uma câmera 8mm, um editor e um projetor, mas limitou-se a realizar filmes domésticos com essa nova aquisição. Orlando passou então a fazer projetos para os períodos de férias de Archibaldo. Entretanto, estes projetos não chegaram a realizar-se.
No ano de 1969 ou 1970, Orlando Vicentini adquiriu uma câmera Canon Super 8, o que o deixou empolgado. Agora ele tinha a liberdade de filmar sozinho. O equipamento era muito mais fácil de carregar e as filmagens podiam ser feitas com a câmera no ombro do cinegrafista. Neste período, Vicentini fez documentários domésticos, registrando os netos e os encontros da família. Pouco tempo depois, desinteressou-se de produzir filmes e optou por vender parte de seus equipamentos.
Os filmes domésticos e as experiências com tecnologias pioneiras feitos por Orlando Vicentini revelam um homem em busca de expressão e conexão com o mundo ao seu redor. Embora não tenha buscado o reconhecimento público, sua dedicação à arte cinematográfica deixou um legado para a história do cinema de Londrina.
Fontes: “Memória: Produção Cinematográfica em Londrina”, de Caio Julio Cesaro – monografia de conclusão do curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo, Universidade Estadual de Londrina, 1995 / Acervo Londrina Histórica.
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