Pioneiro: Alício Arantes Campolina

1941

Com texto e pesquisa de Marco Antonio Deprá:


Mineiro de São José do Tocantins, distrito na época pertencente ao município de Ubá (MG), Alício Arantes Campolina nasceu em 27 de novembro de 1905, filho de João Arantes Campolina e de Rosalina Tomázia de Jesus.

Em 1923 o distrito de São José do Tocantins passou a ser denominado apenas Tocantins e em 1948 foi elevado a município. Situa-se a cerca de 100 quilômetros ao norte da cidade de Juiz de Fora (MG).

Alício se casou em 1927 com Geralda Teotonia de Jesus com quem teve 11 filhos:  Alício Arantes Filho; Maria Sebastiana; Teotônio; Rosalina; Olga; Francelina; Mário; Alexandrino; Luzia; Doralina; João.

Não chegou a completar o curso primário, mas autodidata e esforçado, foi professor leigo em sua cidade natal.

O seu sonho era ser lavrador. Desistiu da ideia, pois saúvas arrasavam sistematicamente às plantações da região.

Resolveu montar um moinho de fubá, empreendimento que não logrou êxito e deixou-o endividado.

Tomou então uma decisão: trabalharia duro para pagar as dívidas e depois mudaria para o Rio de Janeiro. Com 33 anos de idade, em meados de 1939, encontrando-se em Ubá com os débitos zerados e com pequena economia, leu num jornal de São Paulo um vistoso anúncio da Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP) oferecendo terras no Norte do Paraná. Um detalhe do anúncio: “Não há saúvas”.

Dirigiu-se à sede da CTNP, em São Paulo, onde foi encaminhado a Londrina (PR). Gostou do que viu!

A pequena economia que trazia deu-a como entrada na compra de um sítio em Mandaguari (PR). Buscou a família e veio “viver no Paraná”.

Em Mandaguari, o dinheiro não durou muito. Para sustentar a família, sempre crescendo, prestou serviços a José Gonçalves, homem de confiança dos negócios de Alexandre Rasgulaeff e, por conseguinte, da Companhia de Terras Norte do Paraná.

Com 36 aos de idade, a convite de José Gonçalves, transferiu-se para Maringá em novembro de 1941 para abrir a Fazenda Santa Lina pertencente a Alexandre Rasgulaeff.

Alício gostava muito de política e procurava estar sempre bem informado sobre o assunto. Quando Maringá ainda era um simples “patrimônio” de Mandaguari, Alício ingressou no diretório da União Democrática Nacional (UDN) a convite de Ângelo Planas, de quem era admirador e grande amigo.

Foi pela UDN que Alício disputou uma cadeira de vereador na Câmara Municipal de Mandaguari nas eleições do dia 16 de novembro de 1947. Obteve 48 votos e ficou com a 9ª suplência. Por Maringá, foram eleitos Arlindo Planas, pela UDN com 127 votos, e Napoleão Moreira da Silva, pelo Partido Social Democrático, com 96 votos.

Alício administrou a Fazenda Santa Lina por sete anos, até 1948. No início dos anos 1960, na área da Fazenda Santa Lina foi implantado o Jardim Alvorada, considerado o maior loteamento da história de Maringá, não contando, é claro, o Plano Original da cidade que foi elaborado pelo urbanista Jorge de Macedo Vieira e implantado pela Companhia de Terras Norte do Paraná.

Ainda em 1948, Alício instalou um armazém na esquina das atuais avenida Morangueira e rua Vitória, nos altos da Vila Esperança, novo loteamento cuja implantação havia sido autorizada em 14 de julho de 1948. A venda, do tipo “secos & molhados”, comercializava produtos alimentícios, utensílios e ferramentas de primeira necessidade.

Em amarelo a Vila Esperança – Parte 1, loteamento aprovado em 14 de julho de 1948. Em vermelho a venda de Alício Arantes Campolina.

Em 1950, Alício deixou o comércio para constituir, em sociedade com Paulo Costa Ribeiro, uma empresa de transporte de passageiros que atuava entre os municípios de Maringá e Atalaia (PR), cidade em que também foi proprietário de um posto de combustíveis.

Alício participou do movimento em prol da emancipação política de Maringá que culminou com a publicação da Lei Estadual nº 790, de 14 de novembro de 1951, que criou o Município de Maringá.

Com 47 anos incompletos, Alício concorreu novamente ao cargo de vereador, desta vez para a Câmara Municipal de Maringá. Disputou a vaga pelo Partido Republicano, onde ingressou também a convite de Ângelo Planas. Recebeu 112 votos ficando na 4ª suplência.

Abaixo a relação dos candidatos a vereador nas primeiras eleições do recém-criado município de Maringá, realizada no dia 9 de novembro de 1952:




Aos 48 anos de idade, Alício foi diagnosticado com um câncer no fígado. Foi para São Paulo onde se submeteu à uma cirurgia. Um mês depois, de volta a Maringá, Alício Arantes Campolina faleceu, em 10 de abril de 1954. Seu corpo foi sepultado no Cemitério Municipal de Maringá.

Para homenagear o homem de fibra que foi não somente um dos primeiros desbravadores, mas também um pioneiro da história política de Maringá, em 03 de dezembro de 1986, a Lei Municipal Ordinária nº 2098 denominou de Pioneiro Alício Arantes Campolina a avenida projetada que interliga as avenidas Morangueira e Mandacaru. A lei foi assinada pelo prefeito Saíd Felício Ferreira. 

Atualmente, a Avenida Pioneiro Alício Arantes Campolina compreende três trechos:


Em vermelho, trecho da avenida Pioneiro Alício Arantes Campolina com 500 metros de extensão, desde a avenida Mandacaru até um pouco além da rua Esmeralda, no Loteamento Alto da Boa Vista (em amarelo), cujo alvará foi aprovado pela prefeitura em 13 de novembro de 2001.


Em tracejado branco, trecho projetado da avenida Pioneiro Alício Arantes Campolina com cerca de 435 metros de extensão, desde a rua Esmeralda até a rua Cristal. No futuro, o trecho cortará a área de pesquisas agronômicas da Universidade Estadual de Maringá (UEM).


Em vermelho, trecho da avenida Pioneiro Alício Arantes Campolina, com cerca de 2 mil metros de extensão, desde a rua Cristal até a avenida Morangueira. Este trecho da avenida passa entre duas áreas históricas de Maringá: a Vila Esperança (em azul) e a Fazenda Diamante (em amarelo), cuja área da primeira sede (em verde), atualmente, localiza-se na avenida Pioneiro Alício Arantes Campolina, nº 788, e ainda é de propriedade da família de Silvino Fernandes Dias,
fundador da fazenda. 


Ao fundo as obras de abertura de um trecho da avenida Pioneiro Alício Arantes Campolina em março de 2018. No centro da imagem está a avenida Morangueira. 

Com cerca de 2 quilômetros de extensão, desde a rua Cristal até a avenida Morangueira, o trecho da avenida Pioneiro Alício Arantes Campolina contorna o campus da Universidade Estadual de Maringá, no sentido leste-oeste, ampliando as alternativas de acesso à área central da cidade. Além de pavimentação asfáltica nas duas pistas, o trajeto recebeu trabalhos de drenagem, calçamento, arborização, sinalização e implantação de ciclovia.

As obras de abertura e duplicação deste trecho da via tiveram início em agosto de 2014 e fazem parte do Programa de Mobilidade Urbana, com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Sua inauguração oficial se deu em 19 de março de 2019, durante a gestão do prefeito Roberto Pupin.

Geralda Teotonia de Jesus, esposa de Alício, faleceu em 22 de junho de 1989, aos 79 anos de idade. Desde que ficou viúva, residia na rua Osvaldo Cruz, nº 792, na Zona 7, em Maringá. Dos 11 filhos do casal, cinco já são falecidos, três moram em São Paulo (SP) e três moram em Sarandi (PR).

Fontes: Texto de Antonio Tortato / Livro Terra Crua, de Jorge Ferreira Duque Extrada / Arquivos da Câmara Municipal de Maringá / Arquivos da Gerência do Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura de Maringá / Site de Notícias da Prefeitura Municipal de Maringá / Depoimentos dos familiares.



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Maringá

1948

Primeiros loteamentos fora do Plano Original de Maringá na Zona Norte da cidade – pequeno histórico da formação da Vila Esperança - Parte II

Continuação do texto de Marco Antonio Deprá. Veja a parte I clicando AQUI. Em 14/02/1951, a Lei Estadual nº 790, elevou o distrito de Maringá a município, o que provocou o aumento no ritmo de crescimento da cidade com significativo aumento da população e a necessidade de novos loteamentos.Imagem 11 – Fotografia Aé[...] Leia mais



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