O pioneirismo na educação especial em Londrina

1947


Casuhê Yassuda Udihara chegou em Londrina em 1947, um período de reconstrução e esperança após a II Guerra Mundial. Foi colocada frente a frente com desafios culturais. Enfrentou dificuldades para entrar na colônia nipônica local, por não ter nascido no Japão e, sobretudo, por não falar a língua japonesa, pois os integrantes não falavam o português e mantinham as tradições de seu país. 

Naquela época, por exemplo, na colônia as mulheres japonesas ficavam dentro de casa, aprendiam corte e costura, enquanto os homens cursavam o ginásio. Casuhê foi educada como brasileira, então estudou e até mesmo aprendeu a dirigir. Sua dificuldade em integrar-se à colônia japonesa, devido à barreira da língua e às diferenças culturais, não a deteve. 

Entre as situações que vivenciou, contou em entrevista ao Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss o desajuste que teve com a colônia japonesa no casamento da filha mais velha de Haruo Ohara, quando sentou-se com o marido na mesa dos homens.

Com uma visão à frente de seu tempo, Casuhê não apenas se adaptou à sua nova vida, mas também começou a influenciar significativamente a comunidade ao seu redor, especialmente no campo da educação especial. Participou ativamente das ações filantrópicas e comunitárias do município.

Nesse período, a questão da educação para crianças com necessidades especiais ainda era um tema pouco explorado no Brasil. Foi nesse contexto que Casuhê, inspirada por sua própria experiência como educadora e motivada pelo apoio de seu marido, Isao Udihara, e um grupo de amigos, tomou a iniciativa de fundar o Instituto Londrinense de Educação para Crianças Excepcionais (ILECE) em 12 de março de 1960. 

A instituição, criada inicialmente em sua própria residência, representou um marco na história da educação especial na região, proporcionando um espaço de aprendizado e desenvolvimento para crianças que, até então, tinham poucas oportunidades de educação adaptadas às suas necessidades.

Fontes: “História falada, história escrita: catálogo”. Museu Histórico de Londrina, Universidade Estadual de Londrina; projeto "Conservação e preservação de depoimentos gravados em fitas cassete e VHS" [por] Francisco Senra Neto, coordenação de Edméia Aparecida Ribeiro e  Rosangela Ricieri Haddad. – Londrina: Museu Histórico de Londrina, 2020. / Acervo Londrina Histórica.



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