Próximo de completar 50 anos, o empresário Celso Garcia Cid viajou à Índia em 21 de novembro de 1958 com uma única meta: encontrar exemplares de gado zebu puro para melhorar os rebanhos brasileiros, trazendo-os para a sua propriedade, a Fazenda Cachoeira. Sem previsão de retornar ao Brasil, iniciou então uma busca incansável por meses no interior do país, com o apoio apenas de seu fiel amigo Ildefonso Santos.

Atravessando planícies, vilarejos e fazendas de gado, enfrentou calor extremo, comunicação precária e costumes completamente diferentes, sem jamais pensar em desistir de seu sonho. Queria encontrar o zebu mais puro do planeta para trazer ao Brasil.

Até chegar ao Marajá de Bhavnagar, nobre indiano cuja família criava zebus há três séculos em um rigoroso processo de seleção genética. Encantado com aqueles exemplares sem igual, tratou de negociar com o Marajá a compra de 119 cabeças das raças Guzerá, Gyr e Nelore para exportação.

Por causa das restrições brasileiras para a importação de animais, os exemplares adquiridos por Garcia Cid chegaram à sua propriedade quase dois anos depois, em 1960, sob uma autorização dada pelo presidente Juscelino Kubitschek. 

Foi nessa busca pelos zebus perfeitos que brotou uma improvável e sólida amizade entre o nobre hindu e o imigrante brasileiro. Tanto que, após a morte do Marajá em 1965, seu filho escreveu a Celso oferecendo de presente todas as vacas da família, em gratidão à estima que seu pai nutria pelo obstinado empresário brasileiro.

Celso jamais pôde aceitar a generosa oferta, já que o Brasil voltara a proibir importações de gado na época. Mas nada apagaria a amizade forjada com seu anfitrião indiano na partilha de um sonho comum: criar o zebu mais nobre, forte e produtivo de todo o planeta.

Fontes: Fazenda Cachoeira 2C / Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Acervo Londrina Histórica.