Na cidade de Livramento do Brumado, na Bahia, em 7 de junho de 1883, nasceu Fulgêncio Ferreira Neves. Seus primeiros passos foram traçados sob o ardente sol do sertão baiano, mas ele tinha um destino além das secas que castigavam a terra que o viu crescer. Diante das dificuldades da vida naquele local, aos 16 anos, Fulgêncio iniciou uma jornada rumo ao sul do país. Minas Gerais o acolheu primeiro, mas seu destino o levou a São Paulo, especificamente a Ribeirão Preto, onde começou a trabalhar na lavoura do café. 

Em 25 de fevereiro de 1905, já residindo em Itápolis, casou-se com Benta Oliveira Neves, com quem construiu uma família de doze filhos. Com o término da Revolução de 1932, ele viu novas terras como oportunidade e se estabeleceu no Norte do Paraná, em Londrina, como agente da Companhia de Terras Norte do Paraná. Com ele, trouxe sua família, e todos eles, à semelhança do patriarca, tornaram-se pioneiros na colonização da região.

Fulgêncio não era somente um desbravador de terras, mas também um defensor das causas populares. Foi assim que teve carreira política, como vereador na Câmara Municipal de Londrina por duas legislaturas. Como vereador, encampou e apoiou projetos como as construções da Concha Acústica e da Estação Rodoviária, a criação da Banda Municipal, a implantação de escolas, além de muitas outras proposições. 

Sua fé religiosa o guiou em todas as suas ações. Ao lado do professor Zaqueu de Melo, participou ativamente na fundação do Instituto Filadélfia. É lembrado também pela sua colaboração para a criação do Hospital Evangélico de Londrina. E como se não bastasse, foi um dos responsáveis pela Folha de Londrina, sendo um dos seus diretores na fase inicial do jornal, “dando uma orientação trabalhista, bem de acordo com a sua ideologia política”.

Em 15 de setembro de 1979, a cidade que ele ajudou a construir reconheceu seu valor, conferindo-lhe o título de "Cidadão Honorário". Fulgêncio Ferreira Neves faleceu em 5 de março de 1981, aos 98 anos de idade.

Fontes: Museu Histórico de Londrina Pe. Carlos Weiss, Boletim No  6, 1982. / Acervo Londrina Histórica.