Manoel Gonçalves nasceu em São Carlos no dia 19 de dezembro de 1902. Mas foi nas terras paulistas de Itápolis que as raízes de sua história fincaram-se. Ali, aos 21 anos, em setembro de 1924, uniu seu destino ao de Helena, dando início a uma família formada por sete filhos: Euclides, Otair, Maria Aparecida, Dorival, Claudete Clara, Marlene e Edson - depois multiplicada com a vinda dos netos e bisnetos. 

De origem simples, escreveu sua história sem os luxos do privilégio. Não cursou escola regular. Aprendeu por conta própria a ler e escrever razoavelmente. O primeiro par de sapatos, aos 16, marcou o limiar de uma vida construída com trabalho árduo e determinação.

Manoel foi mais um entre aqueles que, diante da propaganda da terra promissora, chegou em Londrina pela primeira vez em 1933. Os olhos, ávidos por novos horizontes, encontraram naquela cidade que começava a ter forma um lar em potencial. O retorno a Itápolis foi o começo da mudança definitiva. Em setembro de 1937, com a fé depositada em oito contos de réis, mudou-se de vez para Londrina, trazendo consigo toda a família.

Do comércio à agricultura, da construção civil aos transportes, Manoel Gonçalves deixou sua marca em cada empreitada. Tudo começou com o Bar Avenida, erguido em maio de 1938, que pulsava na esquina das avenidas Paraná e Rio de Janeiro. Ele costumava contar com satisfação que, na inauguração das instalações do Banco do Brasil em Londrina, local onde hoje fica o edifício batizado com seu nome, na esquina do Calçadão com a avenida São Paulo, que o seu estabelecimento, o famoso Bar Avenida, foi escolhido para cuidar dos serviços de recepção.

O tempo fluiu e em 1943, Manoel despediu-se do Bar Avenida. Curiosamente, mesmo nunca tendo sido motorista habilitado, adquiriu três caminhões com os quais, juntamente com seus auxiliares, passou a fazer todo tipo de transportes. No ano de 1946, na esquina das ruas Sergipe e Pernambuco, o comércio de "Secos e Molhados" prosperou por um breve período, cedendo espaço ao negócio das louças e porcelanas, pioneiro em Londrina.

Mas não se limitou ao comércio. Na cidade que só crescia, paralelamente, passou ao desenvolvimento de alguma atividade na área da construção civil, bem como a uma dedicação mais efetiva à agricultura. Entre obras e plantios, Manoel encontrou tempo para se dedicar ao Grêmio Literário e Recreativo Londrinense, como membro da diretoria do clube. Manoel Gonçalves faleceu em 26 de julho de 1982, aos 79 anos.

Fontes: Museu Histórico de Londrina Pe. Carlos Weiss / cOHAB - ld / Acervo Londrina HIstórica.