O Doutor Clímaco era um homem de muitas facetas e dono de um comportamento discreto e dedicado. Fluente em diversas línguas, entre elas o francês e o alemão, chegou a fazer discursos também em latim. “Doutor Preto”, como costumava ser chamado, evitava badalações e preferia se dedicar à leitura. Desafiou convenções e construiu uma história impressionante, tornando-se uma das personalidades negras que desempenharam importante papel em Londrina, desde o início da colonização da cidade até o final da década de 1990. 

Foi médico, educador e político. Em paralelo ao exercício da medicina, Justiniano Clímaco da Silva dava aulas de latim e matemática. A veia política teve lugar desde a época da faculdade. Mais tarde, nos tempos difíceis da ditadura de Getúlio Vargas, não se curvou. E, em 1947, após a redemocratização do Brasil, foi eleito Deputado Constituinte do Paraná, provando suas convicções. Foi o primeiro negro na Assembleia Legislativa do Paraná. Ainda, nas eleições de 1968 foi candidato a vice-prefeito de Londrina pela Arena, na chapa do engenheiro Arvid Ericsson.

Reconhecido como uma pessoa de fé, foi um católico praticante. Trabalhou até os 80 anos de idade, quando passou a se dedicar aos netos e às visitas diárias a sua chácara no distrito de Heimtal, na zona norte de Londrina. Uma curiosidade é que Justiniano só parou de dirigir o Ford 1928, uma de suas paixões, quando já tinha completado seus 90 anos. 

Justiniano Clímaco da Silva faleceu no dia 26 de agosto de 2000, aos 92 anos. Tinha um filho e dois netos. Entre as diversas manifestações de reconhecimento, foi reverenciado pela comunidade médica por causa da sua atuação nas áreas de saúde e cultura. O município também lhe rendeu homenagens, inscrevendo o seu nome na UBS – Unidade Básica de Saúde do Conjunto Habitacional Vivi Xavier e em uma rua do jardim Santiago.

Em setembro de 2011, foi lançado o livro biográfico “O Doutor Preto Justiniano Clímaco da Silva: a presença negra pioneira em Londrina”. A publicação é resultado de uma pesquisa acadêmica realizada por Mariana Panta e pela professora doutora Maria Nilza da Silva, do Departamento de Ciências Sociais da UEL.

Fontes: “Ruas, praças, avenidas e próprios públicos do município de Londrina denominados em 2002 - Biografia dos homenageados”, publicado pela Câmara Municipal de Londrina, em 2003. /  “O Doutor Preto Justiniano Clímaco da Silva: a presença negra pioneira em Londrina”, Mariana Panta e Maria Nilza da Silva. 2011. / Acervo Londrina Histórica.